A simplicidade que sustenta a alegria


Certo dia, ao caminhar pela rua, um outdoor me chamou atenção. A propaganda de um restaurante renomado da cidade onde moro dizia: "Promoção — Jantar para duas pessoas por R$ 150,00". Hoje, posso me permitir esse tipo de experiência sem comprometer o orçamento da minha família. Por outro lado, sei que para muitas pessoas esse valor sequer entra nas possibilidades. Nem sonhar com esse jantar é uma opção — e isso me fez refletir.

O quanto os nossos desejos, quando não controlados, podem nos causar sofrimento?

Imagine esta situação: eu gosto de camarão, mas, no momento, não tenho condições financeiras de satisfazer esse desejo. Ou, ainda, me entristeço por não poder comprar o famigerado bacalhau na Páscoa. Provavelmente, sentirei uma pontada de frustração ou insatisfação com a vida. Por outro lado, se aceito a minha condição atual como algo momentâneo – compreendendo que o desejo por essas coisas  não define a minha felicidade, tudo muda. A escolha de aceitar o que está ao meu alcance e valorizar o que eu já tenho pode transformar essa perspectiva de maneira radical. 

Além disso, é importante lembrar que muitas das coisas que hoje consideramos "comuns" ou "óbvias" já foram, em algum momento, sonhos ou aspirações. Quantas vezes aquilo que hoje faz parte do nosso cotidiano – uma refeição quente, um teto seguro, a família que construímos – foi, para nós ou para alguém antes de nós, motivo de desejo e esperança? Valorizar o que temos implica reconhecer que, mesmo nas situações mais simples, há riquezas que merecem nossa atenção e gratidão. A felicidade não está em alcançar mais, mas em apreciar melhor o que já possuímos.

A felicidade, então, passa a habitar em outro lugar: no café coado em casa, nas conquistas diárias, na conversa despretensiosa com quem amamos, no pôr do sol visto da janela da cozinha.

Aceitar o presente como ele é, valorizar o que se tem agora, não por conformismo, mas por sabedoria — isso é o que os estoicos chamavam de viver em harmonia com a natureza.

Talvez o verdadeiro luxo da vida não esteja em um jantar caro, mas em cultivar a serenidade de quem aprecia um prato simples, sem a pressa de quem vive correndo atrás do que não tem.












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